Orgulho da minha aluna de Psicologia de Imagem, Amanda Bragion!

Se voce ainda nao conhece o Blog LINDA GG, corra e acesse!!!!
Que tal comecar com este post (abaixo) MARAVILHOSO e EMOCIONANTE?!?!
Parabens lindona! Estou MUITO orgulhosa!
Um beijo grande!
Marjorie Vicente
Quantas e quantas vezes isso me ocorreu…
é nisso que penso enquanto elaboro mentalmente o que pretendo escrever neste post.
Em outros episódios da Tag #Eueacomida fui contando minha história e relacionando isso, de alguma maneira, aos meus maus hábitos alimentares.
Gosto de contar porque foi a forma que encontrei de colocar essas coisas pra fora, além de ser uma forma muito delicada de manter contato próximo com vocês na medida em que vamos nos identificando uma com a outra.
Prontas para mais uma conversa?

Como já sabem, cresci uma criança que ADORA comer. Cresci associando comida à felicidade. Cresci, portanto, uma criança gordinha. Eu sempre volto nisso, mas não, esse não é um fato determinante na minha vida. Maaaaas, em função disso, carrego algumas lembranças.
Sou chata e implicante DESDE SEMPRE. Meus pais adoram contar minhas histórias para todo mundo. O quanto sempre fui do contra, o quando sempre fui mau humorada, o quando sempre fui estressadinha. Desde pequena palpito nas minhas roupas. Se eu queria, eu queria. Se eu não queria, eu não queria. Juntando isso com minha natural chatice, eu fazia meus pais terem calafrios só de pensar que precisavam comprar roupas pra mim. Eu até hoje ODEIO provar roupas em loja. A roupa pega aqui, aperta ali, incomoda do outro lado, esse tecido pinica, o outro é esquisito, uma calça a cintura é alta demais, a outra calça a cintura é baixa demais. Essa costura incomoda, esse botão me machuca. Essa implicanciazinha era um incomodo para os meus pais, não pra mim, até porque eu não me dava conta disso. Minha preocupação ao comprar roupas era uma muito mais subjetiva. Eu, com 7 ou 8 anos queria usar roupa de criança. As cor de rosa, as coloridas, as fofinhas, com florzinhas e brilho, mas eu não podia porque não serviam em mim.
Muito cedo comecei a usar o P de adulto. De adulto. Eu era criança.
Até hoje viro os olhos ao pensar no “P de adulto”. Porque não tinha roupa pra mim? Porque aquela camiseta L-I-N-D-A cheia de glitter e aplicações cor de rosa não passava dos meus ombros?
E minha mãe tentava… ela me deixava experimentar, talvez pra tentar me fazer matar a vontade de vestir aquela roupa.
Será que as marcas de roupas infantis nunca pararam pra pensar em como se sente uma criança quando não entra em uma roupa infantil? Quando ela tem que deixar de usar a roupa que todas as crianças da escola usam porque ela não entra mais no tamanho máximo daquela peça? Quando ela não pode mais ter a sandália da Barbie porque a tira não fecha mais no tornozelo?
Aí tem quem vai pensar: Mas que absurdo! Ao invés de fazer a criança caber dentro da roupa, porque não ensina a criança a se alimentar corretamente? Ok, concordo, mas não é fácil. A criança não tem culpa dos hábitos alimentares que lhe foram ensinados. As coisas precisam ser paralelas. Educação alimentar TEM que estar dentro das escolas, os pais precisam aprender a lidar com isso (e precisam ser ensinados a lidar com isso). Acontece que sempre vão passando a culpa de um para o outro e o problema continua existindo. As indústrias de moda infantil também impõem um padrão de beleza para as crianças, triste realidade.
Mas, no meio de tudo isso, existe uma criança. A criança, se pudesse escolher, não seria gordinha como muitas vezes é. A criança também tem baixa autoestima. A criança também se envergonha por querer aquela roupa super cool e não caber dentro dela. Sente vergonha por ter barriga grande, rosto redondo, braço largo, pé gordo.
Eu tinha.
Eu tinha tanta que preferia não comprar roupas do que passar pelo constrangimento de entrar no P de adulto.
Pessoas, para me animar, sempre disseram: Essa blusa ficou linda, disfarçou sua barriga. Essa sandália ficou ótima, nem parece que seu pé é gordinho. Esse biquíni segura sua barriga e não fica enrolando, vamos levar esse.
Aprendi que uma roupa é bonita quando disfarça. Um sapato é bonito quando não evidencia um defeito meu. Uma calça deu certo quando segura o que está “errado” em mim.
Por quê?
Me ensinaram a disfarçar os sinais da minha obesidade.
Disfarcei tanto que, em muitos momentos, não brinquei de pega-pega para que não descobrissem que eu não dava conta de correr. Disfarcei tanto que, em muitos momentos, comi escondida porque ainda estava com fome (ou achava que estava) e seria repreendida se me vissem comendo novamente. Meu grupinho de amigas bonitas também era uma forma de disfarçar, porque eu me sentia mais bonita perto delas e achava que, por elas serem bonitas, eu também pareceria mais bonita.
O tempo passa e a gente vai aprendendo as coisas.
Regimes, dietas, reeducações alimentares. Exercícios físicos, aulas de dança. O resultado foi que eu continuei gorda.
Ou eu aprendo que eu sou assim e aprendo, simultaneamente, a lidar comigo e com minhas necessidades, ou eu passaria minha vida disfarçando a menina incrível que eu sempre fui.
Sou inteligente. Sou divertida. Sou educada. Sou esforçada. Sou determinada. Sou muito forte! EU SOU BONITA e sou gorda. Não são as coisas que me tornam bonita, minhas qualidades e meus adjetivos me fazem assim. Meus olhos, meu sorriso, meu cabelo, minhas mãos, minhas pernas, minhas coisas que eu gosto em mim me fazem bonita.
Há alguns anos estou aprendendo que não preciso DISFARÇAR os sinais da minha obesidade. Aprendi, portanto, VALORIZAR os sinais da minha obesidade.
Mudei minha forma de me vestir. Não uso um blazer porque ele ajuda a afinar a silhueta. Uso porque ele é lindo e eu vou me sentir poderosa quando estiver usando. Não uso roupas de cintura alta porque disfarçam a barriga, uso porque, apesar de gorda, acho minha cintura linda. Não sei se sou pera, ampulheta, triângulo invertido. DANE-SE. Eu sou Amanda, e esse corpo é meu.

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