“ocupar um espaço que não existia”… “o abismo entre a infância e a adolescência”… “período que não vende, você não é mais criança, mas, a puberdade ainda não se faz notar”… palavras soltas que ecoavam em mim qdo saímos de uma agencia de modelos…
mais tarde veio a promessa de não tomar refrigerante, por motivos que não se relacionavam com dieta, mas, que por consequência me levaram a diversas delas… em uma fase em que os pais policiam, eu era a minha pior juíza!
olhava ao redor, na sala de aula… semana de provas… e só desejava ter uma vida comum como a dos meus colegas… me preocupar com a prova e não ter todos aqueles pensamentos obsessivos com cada garfada… eu precisava dividir a minha tarde… duas hs eram da minha esteira… SIM, DUAS HORAS diárias! os meus pés tinham bolhas pra contar tudo o que eu escondia…
época da minha novela amada, Por Amor… eu escutava que eu estava maravilhosa… magérrima como a Milena (Carolina Ferraz)… semanas mais tarde no auge do “efeito sanfona”, eu escutava que eu não tinha noção do quanto eu estava gorda e que as fotos daquela viagem em familia iriam revelar isto… (de fato, naquele tempo em que revelávamos fotos, as imagens revelavam mto mais do que eu queria enxergar)
o pior golpe de um transtorno alimentar: ele se vale das suas características de personalidade pra ganhar a batalha… aquela aluna exemplar, nota 10 na escola, deixou de viajar tantos feriados “pra estudar”… qtos reforços positivos tornavam mais fácil a difícil arte de me esconder…
grande parte de uma adolescência no vácuo… entre extremos… panelas de brigadeiro e cólicas induzidas… relacionamentos que terminavam ou que nem sequer começavam para que eu não precisasse me mostrar, para que eu pudesse apenas colocar pra dentro tudo aquilo que gritava…
quanto sofrimento, quanta falta de informação… não fui diagnosticada e, consequentemente, nunca fui tratada… trilhei sozinha o caminho da recuperação, sem nem ao menos me dar conta… aprendi a comer de tudo… de tudo um pouco… com prazer, estando presente… como foi mágico desejar salada em um dia de verão de forma genuína, sem segundas ou terceiras intenções… que impressionante abrir um pacote de M&M e saber que eu não vou precisar sentir o estômago doer ou o enjôo chegar para eu parar…
há uns 15 anos sei o que é viver no presente e não na minha mente… sem precisar chegar aos extremos, sem precisar provar o lado amargo do doce… mas, não precisava ter sido assim, por isto, a minha paixão por Educação e Prevenção de Transtornos Alimentares… ser para alguém o que eu tanto precisei se tornou a minha mais linda missão!
Confia em mim, não precisa ser assim! Busque ajuda! Estou aqui! ❤️