Eles são VOCÊS amanhã!

O Dia das Crianças se aproxima, e fico pensando o que isto significa, além é claro de “dar e ganhar presentes”. O que estamos plantando hoje em nossas crianças e que deixaremos para o mundo nas próximas gerações. Não estou propondo uma nostalgia e nem o mito de que o passado era melhor, as tecnologias estão aí, o mundo muda a cada segundo e quem não acompanha fica à margem. Porém, alguns valores, hábitos e preocupações deveriam “permanecer contemporâneos”.

Se procurarmos qualquer definição para a infância, encontraremos que a principal atividade desta fase é a brincadeira, grande responsável pelo desenvolvimento intelectual, coordenação-motora e aspectos psicológicos à partir da interação com o outro. E quando olhamos para a realidade das nossas crianças, vemos pequenos adultos, não só na forma de se vestir, mas também na quantidade de atividades desempenhadas, nas preocupações precoces com o corpo e na sexualidade já existente. Nesta fase, “ser adulto” não deveria passar de uma brincadeira extremamente saudável de desempenhar papéis, vestir o salto da mamãe ou a gravata do papai, ser a professorinha da escola ou o médico do hospital imaginando “o que eu vou ser quando crescer?”, mas, o que vemos está muito além disto.

As crianças são bombardeadas desde muito cedo pela Mídia, seja fazendo brotar o desejo pela última versão do “brinquedo” da época, seja pelos padrões de beleza ideais ou pela preocupação com a carreira profissional, e a palavra de ordem é “urgência”. Tudo precisa ser para ontem, time is money de tão conhecido já está ultrapassado. Não estou deixando os pais e professores de lado, e “culpando” apenas a publicidade e os meios de comunicação. Mas, de novo, os pais estão ocupados demais na busca incansável por ser bem-sucedido, ter recursos financeiros para proporcionar o melhor que podem para a prole e não encontram tempo para o trivial. Isto me lembra Oswaldo Montenegro na canção Taxímetro: “A gente andou na lua, mas nunca andou de metrô…”

Que tal neste Dia das Crianças dar um presente que vai muito além de um produto que em poucas semanas estará ultrapassado? Eu convido os pais a pensarem em uma programação simples, mas, repleta de afeto e aprendizado mútuo. Que tal uma caminhada no parque sem ter que se preocupar com as calorias gastas, no lugar disto, apenas apreciar a beleza das árvores e a companhia da pessoa que você mais ama no mundo… ou quem sabe, você prefira um almoço em família, escolher algo bem caseiro como um filet à cavalo, e saborear sem racionalizar proteína e albumina… conversar com o seu filho sobre a escola, com o foco nas relações que ele está construindo e na forma como se sente no lugar em que passa grande parte do dia, e não só se certificando de como está o seu desempenho escolar…

Se permita conhecer o seu filho por inteiro, sem expectativas ou julgamentos, deixe ele se mostrar, não fique sempre na posição de “superior”, de quem detém o conhecimento e a experiência… há muito a aprender e ensinar em toda relação… quanto mais aceito e acolhido o seu filho se sentir, mais verdadeiro ele será na relação. Não estou excluindo a necessidade de limites e regras, mas, propondo um espaço de diálogo aberto onde o não poder alguma coisa vá além do “porque não”… e seja capaz de “construir” futuros adultos críticos, que saibam questionar padrões, que sejam confiantes o suficiente para saber quem são, do que são capazes, o que precisam aceitar e ao que realmente precisam se adaptar.

A idéia não é ignorar a realidade aí fora e tentar protegê-los em uma redoma. Muito pelo contrário, é sabendo da realidade, prepará-los para enfrentá-la da melhor maneira possível e com as emoções e afetos “em dia”.
Que os nossos filhos sejam inteligentes sim, mas, em primeiro lugar, emocionalmente inteligentes! Sendo assim, eles “darão conta” do resto, tenham certeza!

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