Enquanto isto nos Bastidores…

De um lado o glamour e uma das mais importantes formas de comunicação e expressão do nosso tempo, de outro os bastidores registram uma vida de sacrifícios, fonte

desencadeadora dos problemas de auto-imagem não só nas modelos, mas também, na legião em que nelas se espelham.

O histórico existe desde a magérrima Twiggy, considerada a primeira top model nos anos 60, e que acabou por apresentar distúrbios alimentares.

Gisele Bundchen, o nosso referencial atual, é uma exceção. A modelo possui todas as medidas “necessárias”, mas ainda assim, transpira saúde. O que as suas “fãs” precisam entender é que isto depende de biotipo, herança genética, funcionamento do metabolismo e não de atitudes extremamente nocivas para alcançar o resultado almejado.

Na publicidade, não importa qual a funcionalidade do produto exposto, quem o representa é sempre uma mulher linda, magra e exuberante. As revistas de fofoca tratam como uma “bomba” a foto de uma personalidade que deixe em evidência quilinhos extras como foi o caso de Ivete Sangalo após o nascimento do seu primeiro filho, todas as manchetes eram voltadas para o aspecto mais “rechonchudo” da cantora.

Assim, é perdida uma excelente oportunidade de questionamento por parte das leitoras desta busca incessante por uma perfeição que nem sequer existe!

Desta forma, apesar de todo conhecimento sobre os resultados “mágicos” de tecnologias como o photoshop, cresce a insatisfação com a própria imagem.

Como resultado disto, distúrbios alimentares sérios são humanizados por adolescentes de baixa auto-estima que apresentam isolamento social, já que tentam evitar a qualquer

custo situações em que irão se deparar com o momento da refeição. Os seus vínculos passam a ser com a “Ana” e\ou com a “Mia”, forma “carinhosa” com que tratam a anorexia e a bulimia, respectivamente. A internet acaba sendo uma ferramenta perigosa entre estas meninas que acreditam terem adotado um “estilo de vida” e não serem vítimas de doenças sérias. Em alguns blogs, elas trocam dicas de como esconder o

problema dos pais, como provocar o vômito, como fingir a ingestão de alimentos, e etc.

Alguns estilistas procuram fugir do estereótipo, mas acabam por “chocar” ou “virar piada” no meio… na verdade, uma modelo com medidas naturais e saudáveis deveria ser

algo “normal” e não tratada como o diferencial de um desfile!

A revista Glamour comprovou a aceitação do público diante desta possível realidade. Inovou em Setembro\09 e propôs uma matéria com uma modelo plus size questionando: “O que todo mundo menos você percebe em seu corpo?”

Deu tão certo que a revista resolveu repetir a dose na edição de Novembro\09 com diversas modelos plus-size, após os leitores lotarem as caixas de emails da redação com elogios.

Enquanto isto não se torna “comum”, agências comprometidas com a saúde mental e física de suas modelos investem em tratamentos nutricionais e psicológicos para que as

metas necessárias sejam atingidas da forma mais saudável possível, e que seja de fato uma escolha consciente de suas apostas.

Vale lembrar que de nada adiantam os cabides humanos na passarela, uma vez que estas peças serão comercializadas por pessoas “normais”, é uma questão até de erro estratégico. Ainda assim, nos EUA, a mania é o size 0 equivalente ao nosso 34… este é o número “ideal” para as passarelas… mas quem usaria esta numeração na vida real?

Isto poderia ser encontrado na seção infantil ou em mulheres-fantasmas…

Passou da hora da Mídia rever de fato os seus padrões e colocar um ponto final na ambigüidade: alertar a sociedade (como foi o caso da morte da modelo Carolina Reston em 2006, vítima da anorexia) sobre algo que encontra na mesma, o ponto de partida.

Não é preciso abrir mão da moda, dos cremes ou do cabeleireiro… se gostar e se cuidar é importante para a saúde física e mental. O importante é buscar o equilíbrio, sem se

deixar submeter a esta ditadura absurda que no mínimo ZERA a auto-estima feminina e menospreza todas as suas conquistas.

Não deixe de conferir o link abaixo da Campanha da Dove, e refletir sobre o que acabou de ler…

http://www.youtube.com/watch?v=OXf8fr0Kp3Q&

2 thoughts on “Enquanto isto nos Bastidores…

  1. Amanda Marques says:

    Olha o que a Betty Lago diz nesse video, é um absurdo http://migre.me/aM5vq . Eu queria ver se ela tivesse uma filha que parasse de comer, tivesse um TA e morresse. Porque é isso que ela esta dizendo para a filha(o) dos outros, e é incrível como as pessoas não pensam no que dizem.

    Agora já essa entrevista da Yasmin Brunet para o altas horas foi um exemplo http://www.youtube.com/watch?v=oMbDQndBD3Q todo mundo tinha que assistir isso.

    • Marjorie Vicente says:

      Amanda, muito obrigada por compartilhar os links! Aproveito para parabenizar a Yasmin Brunet pela coragem ao abrir o jogo sobre a ditadura da magreza no mundo da Moda! Um beijo e a minha gratidao Amanda!!! =)

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