Por Marjorie Vicente – psicóloga de imagem
Não há novidade ao afirmar que o nosso comportamento é influenciado há muito tempo pelos valores sociais atribuídos a comida e ao peso. O que talvez algumas pessoas não saibam é que no Séc. XVI a moda era estar acima do peso. Isto mesmo, você não leu errado: ACIMA do peso. Desta forma, era desejável comer em excesso, ao passo que ser muito magro era sinal de inferioridade social e até mesmo doença.
Exatamente o oposto do descrito acima, o cenário atual atribui a magreza até mesmo ao conceito de “ser chique”, “por dentro da moda” e “uma pessoa de sucesso”. O mais incrível é que após tantos direitos conquistados com coragem e determinação de quem ousou “rasgar sutiãs”, as mulheres do século XXI driblam a jornada dupla, tripla ou até quádrupla de profissionais, mães, amantes e amigas, mas, ainda se curvam diante da ditadura da beleza. As mais feministas poderiam afirmar que se trata de uma ‘armadilha’ muito bem pensada pelo sexo oposto para nos tirar a possibilidade de equivalência no poder.
Estamos na era da tecnologia máxima, não só da informática, mas também dos procedimentos relacionados a tão desejada beleza, e estranhamente, parecemos engatinhar na maturidade das nossas decisões. Uma cirurgia plástica, por exemplo, altera a maneira como você irá se enxergar para sempre (ou até a próxima intervenção, ao menos) e desde sempre. Mas, ainda assim, há quem opte pela mesma como uma decisão súbita e levada por influências externas diversas como família, namorado, amigos e até mesmo por relacionamentos sem qualquer tipo de afeto como o que temos com a Mídia.
Sendo reparadora ou estética, a cirurgia plástica nos traz a possibilidade de nos sentirmos bem diante de algo que nos incomodava, mas requer cuidados como: uma sincera avaliação das próprias motivações, a busca por um profissional de confiança que tenha feito especialização na área, e que possa disponibilizar referências e depoimentos de pacientes, planejamento financeiro e avaliação da clínica ou hospital onde a cirurgia será realizada. Assim, a varinha de condão ainda é realidade apenas para a Cinderela e a sua fada madrinha.
Um bom profissional irá conduzir o paciente a questionamentos como o grau de insatisfação diante de uma ‘imperfeição´, o grau de alteração física realmente existente e a proposta da cirurgia e resultado. Uma alteração física quando existente, é fato, objetivo e indiscutível, mas, quando o incômodo psicológico é desproporcional a questão física, a intervenção deve ser repensada.
A Psicologia de Imagem, responsável pela busca do equilíbrio entre a imagem “real”e a “desejada”, é de grande auxílio neste contexto. O profissional desta área irá agir como um parceiro do paciente no pré-operatório trabalhando as suas motivações e expectativas, pesando as mais diversas influências e ajudando-o a tomar uma decisão consciente. No pós-operatório, a atuação é ainda de extrema importância, as sessões com o psicólogo, especializado em Psicologia de Imagem, serão fonte de conforto diante da recuperação que é extremamente particular e nem sempre é rápida, indolor e simples, além do processo de reconhecimento da nova aparência e grau de satisfação diante das expectativas anteriores a intervenção.
Você pode e deve fazer o que estiver ao seu alcance para a sua satisfação pessoal, mas deve agir com a mesma maturidade e consciência das nossas antecessoras que sabiam muito bem aonde queriam chegar!