Colestáse Gravídica, já ouviu falar?!?!

Há três anos atrás neste mesmo dia, 02 de Agosto, tínhamos consulta de 33 semanas no obstetra e, em seguida, a primeira consulta para conhecer o pediatra (foto 01)

Desde o início da gestação, eu mantinha um pensamento 8×80 (meu velho conhecido)… se algo só pudesse ser feito com moderação, então, eu simplesmente não fazia pq algum risco poderia ter ali… e assim, me restringindo, acabei me cercando por uma atmosfera de ameaça constante com a falsa ilusão de controle e segurança.

Fiz o teste de gravidez com “4hs de atraso” de tão ansiosa que eu estava, louca pra fazer o primeiro ultrassom passamos pelo primeiro susto… apesar de ter esperado os dias que o médico pediu, a Geo ainda não aparecia… precisamos de mais uma semana aflitiva pra ter certeza que a gravidez “tinha vingado”. Com quase 7 semanas tive um sangramento, com 21 semanas achei que estivesse perdendo liquido amniótico, com 29 semanas as contrações de treinamento nos levaram novamente ao hospital, e apesar de todos estes “sustos”, foi com 33 semanas que nos deparamos com um problema real! 

Depois de tantos alarmes falsos, eu achei que as bolinhas vermelhas na minha barriga eram uma reação alérgica qualquer… quando mostrei ao médico, ele me perguntou se eu tinha o mesmo nos pés e/ou nas mãos… eu não tinha… ele explicou que poderia ser algo “comum” da reta final ou uma doença séria e rara (acomete 1% das gestantes) chamada colestáse gravídica. Fizemos o exame especifico, mas, o resultado demoraria uma semana para ficar pronto. 

Estava “tudo bem” até começarmos a ler a respeito. Explicando de forma bem resumida e informal, algum componente genético relacionado ao funcionamento hepático leva ao acúmulo de sais biliares no organismo causando prurido e coceira na pele da Mãe, porém, sendo muito mais grave ao bebê. Além da possibilidade de parto prematuro, pode levar ao comprometimento da oxigenação e nutrição resultando na morte fetal nos casos mais graves. 

Morte fetal!!!! Eu estava frente a frente com o meu maior medo! Segui a risca as recomendações do obstetra, estávamos monitoradas por ele e por uma especialista em gravidez de risco. Fazíamos exames a cada 03 dias, tomei medicação especifica para a doença e injeções de esteróides para preparar o pulmão da Geo para um possivel parto prematuro. Foram 10 dias MUITO angustiantes… eu escutava do meu médico “ela precisa mexer todos os dias, se em 24hs você não senti-la, corra para a emergencia e mande me chamar”! Como se vive desta forma?! 💔

A cada detalhe do quarto dela que arrumávamos (foto 02 – mal sabia que era véspera do seu nascimento) me dava mais medo, eu pensava “será que a minha Pequena vem pra cá?!” 10 dias após aquela consulta, depois de receber mais um resultado online, liguei p o meu médico e escutei: “os seus níveis aumentaram, arrume a mala, vá para o hospital, a sua filha irá nascer amanhã!!!!” 😳😳😳😳 Eu estava com 34 semanas e 5 dias! Normalmente, os médicos esperam até 37, mas, diante de tanto medo, como questionar?! O meu médico repetia convicto “podemos cuidar melhor dela aqui fora do que aí dentro”… 

Em um misto de nervoso e alívio (porque eu não suportava a idéia dela poder morrer dentro de mim), fomos para a Maternidade e nos preparamos para o nascimento dela na manhã seguinte (foto 03 – minutos antes dela nascer). Seria dia dos Pais no Brasil, e também aniversário do meu avô materno se ele estivesse vivo… em pensamento, eu só pedia pra ele estar comigo naquele tão especial e temido 13 de Agosto! ⭐️

Lembrando que antes de nos casarmos, eu e meu marido nos separamos algumas vezes, as duas mais doloridas foram por querermos coisas distintas. Enquanto eu sonhava em casar e ter filhos, ele já tinha tido a primeira experiência e não tinha intenção da segunda. O sentimento foi maior que a distância… que o tempo e que as diferenças, e, após casarmos no civil aqui nos USA em 2013, comemorarmos no Brasil com festa em 2015, e ele ter tentado postergar a gravidez com 3 filhos de 04 patas, rs, eu o convenci a se aventurar (e que aventura!) e me sentia muito responsável por isto! Sabia que se algo desse errado com esta gestação, ele não toparia uma nova tentativa… estava feita a salada de sentimentos que pesava muito mais do que a minha barriga tão amada! 

Relato a nossa história porque em cada “perrengue” que passamos eu procurava na internet não só informações profissionais, mas, relatos de pessoas que já tivessem passado por aquilo e que pudessem ser apoio naquele momento. Muito pouco encontrei e hoje, além de profissional da área, não esqueço que sou, antes de mais nada, humana e Mãe. Como diria Jung: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.” 🥰

Amanhã eu continuo com o desafio (dentre tantos outros) da amamentação na UTI! 😉 #SMAM2020 

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