De origem grega e significado de servente ou escrava, o termo doula, antes usado para nomear a função de quem ajudava a mulher recém-parida com os afazeres da casa, no cuidado com os demais filhos, na cozinha e no cuidado com o recém-nascido, hoje se refere a pessoa que está ao lado da gestante, provendo tranquilidade e encorajamento durante todo o período perinatal, especialmente, no momento do parto e nos primeiros cuidados com o recém-nascido.
Esta profissional não necessariamente precisa ter alguma formação na área da saúde. Apesar de novos (por volta de 3 décadas), existem diversos tipos de curso no Brasil (assim como no mundo) para a sua capacitação. A sua atuação, segundo estudos, têm trazido beneficios como: menos horas em trabalho de parto; menor necessidade de analgesias, uso de forceps e opção por cesáreas. Assim como um maior percentual de puérperas amamentando e desenvolvendo um bom vínculo com os seus filhos.
Tudo indica que a possibilidade de escolher uma pessoa de sua confiança para estar ao seu lado oferecendo suporte emocional, técnicas de diminuição da dor, sugestões de novas posições durante as contrações e promovendo tranquilidade para o parceiro, devolve a mulher as práticas antigas do ambiente familiar e íntimo de gerações passadas que foi substituído pela medicalização e hospitalização do parto na atualidade.
Portanto, apesar de tida como uma profissão “nova” e “modinha”, o significado simbólico da doula tem como pano de fundo um papel histórico que vêm sendo resgatado pelo movimento de humanização do parto.
Fico pensando o quanto a doula carrega uma função de “advogada” desta mulher, para garantir que os seus direitos e desejos sejam cumpridos e atendidos em um cenário em que ela se vê pequena e impotente diante das práticas da equipe de saúde. Forte isto, né? Especialmente se pensarmos que isto tudo acontece em um momento tão importante e carregado de significado e vida que é dar a luz a um outro ser humano.
A necessidade da doula parece deixar clara a falta de aliança e parceria entre a gestante e a equipe médica. Quem sabe ela não se faça necessária com obstetras que olhem nos olhos de suas pacientes, acolham as suas dúvidas, as eduquem sobre tipos de parto e etapas envolvidas (sem qualquer viés pessoal)… enfermeiras obstétricas que saibam ir além do discurso do instinto materno na amamentação e primeiros cuidados com o recém-nascido… fisioterapeutas obstétricos que não inferiorizem os benefícios das massagens, óleos, o experimentar novas posições na diminuição da dor… acesso a um programa de pré-natal psicológico que ofereça suporte antes, durante e depois do parto… enfim, equipes completas que empoderem as gestantes e recém mães com informações, carinho e escuta.
Eu, particularmente, acredito no caminho do diálogo e da parceria… do que é possível dentro do que foi idealizado e não do fazer aumentar a disputa deste mundo já tão cheio de dualidades que habitamos.
Gostou de saber mais a respeito desta profissão?!