ALERTA
Embora o risco de morte esteja abaixo do considerado na Anorexia Nervosa, a depleção de potássio (importante para a contração muscular) é gravíssima, pode levar a arritmia, parada cardíaca e a morte também.
INÍCIO
O início da Bulimia Nervosa tende a ser mais tardio do que o da Anorexia. Normalmente, entre o final da adolescência e início da fase adulta. Importante ressaltar que algumas ocupações que dependem da “boa forma” parecem estar mais presentes na faixa de risco de desenvolvimento da bulimia, são elas: modelos, dançarinas, atrizes, atletas, nutricionistas, entre outras.
Um terço dos bulimicos tiveram antecedentes de Anorexia Nervosa.
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
– episódios recorrentes de compulsão alimentar;
– tentativas de evitar ganho de peso através de métodos compensatórios: períodos de jejum, exercícios excessivos, e/ou purgativos: indução de vômitos após os episódios e/ou uso de laxantes;
– autoestima totalmente vulnerável ao peso.
DESENVOLVIMENTO
Com início frequente no final da adolescência, o excesso de preocupação com o corpo e alimentação acabam por levar a tentativa de diversas dietas e iguais frustrações. Assim, os bulimicos descobrem a “eficácia” dos métodos purgativos e passam a ter comportamentos suspeitos como as idas ao lavatório após as refeições. O ciclo se instala e a ordem “bulimia – purgação” abre espaço aos sentimentos de vergonha, fracasso e culpa. A sensação de falta de controle nos episódios de compulsão é desesperadora. Alguns sintomas depressivos e ansiosos acompanham este ciclo como irritabilidade e angústia. Há prejuízo de atividades sociais e ocupacionais devido a tentativa de manter o ciclo, e também devido aos sentimentos relacionados.
CAUSA MULTIFATORIAL
As causas do desenvolvimento da bulimia nervosa também são multifatoriais. De qualquer forma, a força da mídia e os ideais culturais de beleza são os grandes vilões da atualidade.
CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE + BULIMIA
A característica de personalidade mais marcante em indivíduos com bulimia nervosa é a impulsividade. Importante ressaltar que tal característica pode ir além do comportamento alimentar, e se extender para o uso de drogas e comportamento sexual inadequado. Como na Anorexia Nervosa, o transtorno alimentar “usa” as características do indivíduo contra ele, por isto é tão difícil o mesmo lutar sozinho contra a doença, é uma batalha travada contra ele mesmo.
CONSEQUÊNCIAS
– depleção de potássio;
– caimbras;
– corrosão do revestimento interno do esôfago e estômago, podendo causar sangramentos, esofagite, esôfago de Barret e úlceras;
– problemas intestinais, diarréia, dor e constipações graves;
– depleção de água no organismo (desidratação), levando a queda de pressão arterial que resulta em quedas e desmaios;
– corrosão do esmalte dos dentes e perda de obturações;
– aumento das parótidas (face arredondada);
– sinal de Russell devido a indução do vômito com ajuda das mãos;
– efeito sanfona e edemas.
TRATAMENTO
O tratamento ambulatorial (não intensivo) é visto como o setting de escolha mais adequado no Brasil, desde que o paciente seja colaborador, haja suporte familiar, ausência de comorbidades que necessitem de internação e a possibilidade da atuação interdisciplinar básica (psicólogo, psiquiatra e nutricionista).
Os profissionais que lidam com pacientes bulímicos devem ter em mente a constante ambivalência que prejudica o tratamento: o desejo de melhora X o receio de engordar. O vínculo com os profissionais responsáveis é de extrema importância para a aceitação e sucesso do tratamento. A idéia principal é reduzir os episódios de compulsão e purgação, e os sintomas associados a patologia (comorbidades).
A medicação aliada a psicoterapia apresenta resultados positivos, independente da abordagem escolhida. Deve-se ficar atento a história do paciente, traços de personalidade e sintomas da doença na escolha da medicação. Por exemplo, os antidepressivos tricíclicos (como o Anafranil) não são adequados para a Bulimia, uma vez que possuem efeitos colaterais como: aumento do apetite (o bulimico já apresenta compulsão alimentar), arritmia (já há risco devido a depleção de potássio), toxicidade grave no caso de superdosagem (indivíduos impulsivos), constipação intestinal e sonolência excessiva. Já os inibidores da recaptação da serotonina como a Fluoxetina e a Sertralina são bem-vindos. A Fluoxetina, na dosagem 60mg/dia é a única medicação aprovada pelo FDA para o tratamento de Bulimia. O tempo de tratamento mínimo é de seis meses.
Fonte:
– Aulas ministradas no curso de Atualização em Transtornos Alimentares 2011 – PROATA / Unifesp
– Livro: Ajude seu filho a enfrentar os distúrbios alimentares (James Lock / Daniel Le Grange) Editora Melhoramentos, 2007