Mulheres e o consumo no Natal

Psicóloga de imagem analisa o perfil e hábito de compras do sexo feminino

O Brasil se encaixa perfeitamente no modelo de consumo atual, o consumo emocional.  O consumo emocional se caracteriza por visar não apenas o que é útil, mas sim, o que vai além dos aspectos funcionais e satisfaz os desejos, mexe com as emoções dos consumidores do século XXI. “Deixando bem lá atrás, o consumo baseado nas relações de trocas do sistema feudal, passando pelo surgimento do estoque ao longo da Revolução Industrial, e aterrissando em um cenário completamente diferente de tudo o que já foi visto, encontramos a busca pela identidade e diferenciação através das aquisições. O consumidor brasileiro hoje deseja diferenciar-se através do que possui e sentir-se membro pertencente de um grupo restrito”, explica a psicóloga de imagem, Marjorie Vicente.

Diante desse cenário, a psicóloga analisa o perfil de consumo da mulher na época mais festiva e consumista do ano, o Natal. Segundo pesquisa realizada pelo evento fashion Clothes Show Live, da Inglaterra, mais de 50% das mulheres gasta mais em compras para elas mesmas neste período do que para os familiares e amigos. Essa mesma pesquisa aponta que 27% das mulheres compram roupas para passar uma boa imagem nas festas comemorativas das corporações. “Nos revelamos através das nossas escolhas, até mesmo das que pareçam mais banais à primeira vista. É com novas roupas, sapatos e acessórios que a mulher idealiza o reconhecimento profissional (eu tiraria o profissional), muitas vezes”, conta Marjorie.

Analisando a época do ano de maior consumismo, a psicóloga de imagem afirma que a compra pessoal está intimamente ligada ao prazer, e a compra para terceiros ligada a sensação de proporcionar a satisfação alheia – fatos que vem ao encontro do Natal e a vibração que a data proporciona. “Compramos para nós mesmos buscando pertencer a um determinado grupo, pela expectativa de ficar bonita e fazer sucesso em uma festa, que inclusive é o “start” do impulso”, pontua a psicóloga. “Quando presenteamos, muitas vezes não só estamos querendo agradar ao outro como também desejamos mostrar o que podemos proporcionar e o quanto podemos satisfazer a expectativa alheia, não deixa de ser uma forma de “narcisismo”, finaliza a psicóloga.

Exatamente pelo fato da compra envolver questões comportamentais, a psicóloga explica que o consumo excessivo – intimamente ligado à figura feminina – é proporcional aos envolvimentos emocionais despertados pelo estabelecimento. As grandes marcas hoje são experts em proporcionar uma “experiência” ao consumir. Não existe mais a busca só pela funcionalidade de um produto, o consumidor hoje deseja ter as características da personalidade que estampa uma marca, por exemplo. Até mesmo o cheiro característico de uma loja é um estímulo muito bem trabalhado por quem se dedica ao marketing olfativo. Por isto, longe de ser contra a Moda ou o consumo, a psicóloga de imagem apenas pontua a necessidade de questionar o que é ou não necessário, o quanto eu posso dispor para presentes, e não se deixar levar pelo impulso do consumismo excessivo. “As mulheres entram em um estabelecimento qualquer pensando num presente, mas – além da loja, na maior parte das vezes, agradá-las para o consumo próprio, o estar no local desperta uma vontade repentina de consumir algo”, analisa Marjorie.

Por este motivo, o conhecimento sobre todo tipo de comportamento tornou-se etremamente importante para o marketing das empresas. No Natal de 2011, uma marca brasileira departamental, em seu comercial, anuncia roupas femininas para pagamento em apenas 2012 – você compra agora e começa a pagar apenas no próximo ano. “Atitudes e fenômenos do tipo são típicos do mercado extremamente aquecido, pronto para receber seu público alvo em massa e incentivar vendas exponenciais”, expõe a psicóloga de imagem. “No Natal, estamos mais emotivos – isso é normal – o reflexo, para muitas mulheres, é nas compras e isso já não é mais segredo para as agências de publicidade”, finaliza ela.

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